Fazia tempo que eu tinha vontade de escrever-te. Escrever
sobre ti, na verdade. Mas, quando pegava uma folha em branco, ela continuava em
branco.
Quase nunca me faltaram palavras para colocar num papel, mas
quando o assunto foi você, me faltaram todas. Todas as palavras sumiram. Não
sobrou uma para compor um verso, um conto, um drama. Não sobrou uma, nem para falar
do nosso primeiro encontro ou para descrever o frio que sinto na barriga em
todos os nossos encontros. Não sobrou uma palavra para falar de como eu gosto
das suas "cheganças" (como diria Chico Buarque), da vontade de querer estar
perto, se longe ou mais perto, se perto (como proferia o Poetinha Vinícius, o
de Moraes), de como é bom morrer de Amor e continuar vivendo (como teceria o
bom velhinho Mário Quintana).
Depois de você, tenho mais vontade de dar o melhor de mim
para o mundo, fico mais esperançosa ao acordar, porque eu sei que você faz
parte do meu dia (porque você faz parte da minha vida).
Depois de você, deixei de querer ser singular e comecei a
sonhar pelas primeiras vezes sendo plural (contigo!)
Hoje, choveu quase o dia todo. A chuva que está caindo lá fora se assemelha
as lágrimas que caem dos meus olhos só de imaginar que eu não faça parte da sua
vida. Não consigo imaginar minha vida sem as nossas conversas bobas e sérias, sem
o seu abraço, o seu riso, seu gosto musical, sua cara franzindo a testa, sem os
seus olhares tão cheios de sinceridade.
...
Parece-me que escrevi algo. Se não foi bonito (como eu
queria que tivesse sido a primeira coisa escrita para você e sobre você), foi, ao
menos, verdadeiro.
Teamo.
Sem mais!
:::Olha - Erasmo e Roberto Carlos:::