21/02

"...Entendemos que os vínculos afetivos se constituem na 'liga' que permeia todo fazer humano. Esses laços são, como diria o próprio Freud, nosso paraíso e ao mesmo tempo fonte do mais cruel dos sofrimentos. Chega a afirmar que: 'O sofrimento oriundo dessa fonte é talvez o mais duro para nós do que qualquer outro' (Mal Estar na Cultura). A dor da perda do objeto de amor, daquele que em um entrelace entre realidade e projeção se torna o depositário do que J. -D Nasio irá nomear como o organizador das pulsões. 'De fato, a ruptura de um laço amoroso provoca um estado de choque semelhante àquele desencadeado por uma violenta agressão física: a homeostase do sistema psíquico é rompida, e o princípio de prazer abolido'. ( J. -D Nasio – 'A Dor de Amar')"


O presente trecho pertence ao artigo "Amor em tempos de cólera", da psicanalista Denise Deschamps. Esse texto foi trabalhado em sala de aula pelo meu professor de Literatura Contemporânea Robson (Maravilhosíssimo) Teles.
Depois de ser lido, abriu-se várias discursões e reflexões sobre os temas existentes na obra (solidão na multidão, sexo, ficar, Eros e Tanatos, vínculos afetivos, amor, perdas, tecnologia...) .
A caminho de casa ainda discutiamos sobre isso. Falávamos dos paradoxos do amor. Da relação amarosa e a liberdade, da alteridade. Do ciúme. Do desejo. Do sexo. Falávamos do amor no mundo contemporâneo.
Ao chegar em casa, deparei-me com uma cena da novela das oito: Havia num quarto um rapaz aos prantos. Questionei-me o porquê. Como não assisto televisão, acabei ficando sem resposta. Até encontrar minha mãe. Ela me disse que o "Jorge" estava daquele jeito porque a "Luciana" tinha acabado o namoro com ele.
Oh!
Lembrei-me daquele pequeno trecho que está acima: "De fato, a ruptura de um laço amoroso provoca um estado de choque semelhante àquele desencadeado por uma violenta agressão física: a homeostase do sistema psíquico é rompida, e o princípio de prazer abolido'. ( J. -D Nasio – 'A Dor de Amar')"
Tomou?!
É de fato um paradoxo.
Ao se apaixonar, corremos o risco de sofrer. Infelizmente!
Infelizmente, porque nós, seres humanos, não queremos perder, não queremos sofrer. Afinal, é doloroso.
E, quanto menos nos lidamos com os lutos, com os nossos lutos.... sofremos mais. Padecemos de uma tal tristeza que parece não ter fim. Do mesmo jeito que pareceu não ter início.
E aí, vem a angústia. A tal angústia que Sartre e tantos filósofos existencialistas falaram tanto. Aquela que nos retira do nosso contidiano e nos leva para qualquer onde.
E, para quem pense que a angústia é só aflição, só agonia, só desespero, só ansiedade... está muito enganado. Talvez, ela seja a solução. Seja solução porque só ao sentí-la o ser humano se reconduz a si mesmo. Talvez, só ela possa devolver a sua verdadeira essência.


24/02

Caramba!
Comecei a fazer esse texto e não terminei.
E, vou ser sincera, não terminei porque não quis.
Não quis, pois tinha organizado que logo depois de falar sobre angústia... falaria de umas coisas que estavam acontecendo comigo.
Talvez, essas coisas devam ficar aqui dentro.
Ai, ai!

Enquanto isso, para não deixar essa postagem sem fim. Abaixo, copiei e colei um outro trecho do artigo da Denise. Não achei nada melhor para dar um fechamento aqui.


"Nunca estamos tão mal protegidos contra o sofrimento como quando amamos, nunca estamos tão irremediavelmente infelizes como quando perdemos a pessoa amada ou seu amor' (Freud). Acho essas frases notáveis porque elas dizem claramente o paradoxo incontornável do amor: mesmo sendo uma condição constitutiva da natureza humana, o amor é sempre a premissa insuperável dos nossos sofrimentos. Quanto mais se ama, mais se sofre" (Nasio)





















Ah, no site apsicanalise.com, pode-se encontrar diversos textos da Denise e de outros especialistas. Vale conferir!!!