Falar logo o que quer: essa é a receita da felicidade.

O mundo é feito por quem evita dizer “não sei”. Não se faz nada nesta vida com não sei: nem estações, nem sexo. Nada.
Os homens têm que ter resposta pra tudo? De maneira alguma. Existem perguntas para as quais não sei é o mais adequado: quem somos? Para onde vamos? Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? Mas, se a mulher te olhar daquele jeito querendo uma resposta direta e clara ao perguntar: "Eu devo insistir em nós dois ou ir embora agora?", não sei é a maior idiotice que um homem pode dizer. Desculpe, mas é isso que sentimos. Quase nada consegue ser tão ruim quanto não fazer diferença, ainda mais quando quem está na sua frente faz. E muita.
É péssimo ficar boiando, sem saber o que pensar ou fazer. Sem saber se é melhor dar no pé, ou tacar fulaninho na parede e chamar de lagartixa. Sem saber se o envolvimento foi um tremendo desperdício de tempo ou algo digno de pensamentos ao decorrer do dia. E sabe por que não sei é tão odioso? Por que não dá pra não saber. Ou se quer ou não. Se deseja ou não. Assim como você não fica em dúvida quando alguém te pergunta se você gosta de chocolate, cachorro de sexo. É sim ou não. Maniqueísmo puro.
Decidir é ultrapassar a infantil fantasia de que podemos ter tudo, sempre, ao mesmo tempo; é a humildade de reconhecer que vovó não estava gagá quando dizia que "quem tudo quer nada tem".
Talvez as coisas tem que ser assim:"estou a fim de você mas não conto porque é sua obrigação sacar". Se quero alguém, informo. É tão mais fácil e saudável. Claro que já ouvi não. Tudo bem, ninguém é obrigado a cair de amores por mim. Mas, na boa, prefiro um não proferido nas fuças que um não sei pairando no ar. Um chega-pra-lá pelo menos é uma definição: então posso pegar meu barquinho, sem culpa nem "serás", e sair remando em busca de portos mais acolhedores. Vou embora e, apesar de ter sofrido, levo a certeza de que o melhor da vida é estar com quem sabe bem que me quer.

Por Cristiéle Gomes de Mattos